A Gencitabina como Alternativa Terapêutica na Ausência de BCG: A Experiência do CHLC (Hospital S. José)

Autores

  • Vanessa Andrade Serviço de Urologia, Hospital de São José, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Mariana Medeiros Serviço de Urologia, Hospital de São José, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Tiago Guimarães Serviço de Urologia, Hospital de São José, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Rui Bernardino Serviço de Urologia, Hospital de São José, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Gil Falcão Serviço de Urologia, Hospital de São José, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Francisco Fernandes Serviço de Urologia, Hospital de São José, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Rui Farinha Serviço de Urologia, Hospital de São José, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Fernando Calais da Silva Serviço de Urologia, Hospital de São José, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Luís Campos Pinheiro Serviço de Urologia, Hospital de São José, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.24915/aup.36.1-2.90

Palavras-chave:

Gemcitabina/uso terapêutico, Mitomicina/uso terapêutico, Neoplasias da Bexiga Urinária/tratamento, Resultado do Tratamento, Vacina BCG

Resumo

Introdução: Os tumores não músculo invasivos da bexiga devem ser estratificados em grupos de risco de forma a adequar o tratamento após cirurgia a cada doente. Nos tumores de alto risco deve ser realizada terapêutica adjuvante com bacilo de Calmette-Guérin (BCG) intravesical durante 1 a 3 anos. Têm sido reportadas roturas de stock de BCG intravesical, tendo sido o Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) afectado nos anos 2014 e 2015, o que obrigou a uma reformulação no tratamento dos doentes que tinham indicação para realização desta terapêutica. A gencitabina poderá ser uma alternativa válida, dado que alguns estudos mostram que poderá ter um papel nos doentes de risco intermédio, como alternativa à mitomicina C, e nos de alto risco, refractários à BCG, com um perfil de toxicidade mais favorável.

Material e Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo descritivo que incluiu doentes com tumores da bexiga não musculo-invasivos de alto risco, com início da doença em 2013/2014, afectados pelo período de escassez de BCG no Centro Hospitalar.

Resultados: No CHLC, 11 doentes com tumores de alto risco foram submetidos a terapêutica com gencitabina, apenas dois exclusivamente, os restantes sequencialmente com BCG. Apenas dois doentes, tratados com BCG e gencitabina, apresentaram recidiva tumoral. No entanto, um número significativo (6 em 11) sofreram efeitos adversos, dois dos quais que levaram à interrupção da terapêutica.

Conclusão: Aparentemente, a gencitabina foi uma boa alternativa de terapêutica adjuvante na ausência do tratamento gold standard (BCG), dada a existência de baixo número de recidivais tumorais, apesar do elevado número de efeitos adversos reportados.

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Publicado

2019-09-21

Edição

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Artigo Original