Artérias Renais Múltiplas na Transplantação Renal: Será um Problema Actualmente?

Autores

  • Urology and Renal Transplantation, Department of the Coimbra University Hospital Center, Coimbra, Portugal
  • Urology and Renal Transplantation, Department of the Coimbra University Hospital Center, Coimbra, Portugal
  • Urology and Renal Transplantation, Department of the Coimbra University Hospital Center, Coimbra, Portugal
  • Urology and Renal Transplantation, Department of the Coimbra University Hospital Center, Coimbra, Portugal
  • Urology and Renal Transplantation, Department of the Coimbra University Hospital Center, Coimbra, Portugal
  • Urology and Renal Transplantation, Department of the Coimbra University Hospital Center, Coimbra, Portugal
  • Urology and Renal Transplantation, Department of the Coimbra University Hospital Center, Coimbra, Portugal
  • Urology and Renal Transplantation, Department of the Coimbra University Hospital Center, Coimbra, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.24915/aup.35.1-2.82

Palavras-chave:

Artéria Renal/anomalias congénitas, Transplante Renal

Resumo

Introdução: A escassez de dadores leva a uma necessidade crescente de órgãos compatíveis: enxertos com múltiplas artérias renais (do inglês multiple renal arteries - MRA) são uma das soluções, apesar de ser um fator de risco potencial que pode prejudicar os resultados. O objetivo deste estudo é avaliar os nossos resultados com enxertos com múltiplas artérias renais e compará-los com enxertos com artéria renal única (do inglês single renal artery - SRA).

Material e Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo de 2989 transplantes renais realizados na nossa instituição entre janeiro de 1980 e fevereiro de 2017: características demográficas e os resultados foram comparados entre receptores de enxertos com múltiplas artérias renais (648; 21,7%) e artéria renal única (2341; 78,3%). A análise estatística foi efectuada recorrendo ao SPSS Statistics 22: teste qui-quadrado, teste t para amostras independentes e teste de Kaplan-Meier com um valor de p de 0,05.

Resultados: Foram utilizados enxertos de dadores cadáver em 95,8% do grupo artéria renal única e 97,4% do grupo múltiplas artérias renais. Os receptores do grupo múltiplas artérias renais estiveram mais tempo em diálise (50,3 ± 43,1 vs 46,30 ± 37,5 meses, p: 0,04), um tempo cirúrgico maior (2,43 ± 0,57 vs 2,28 ± 0,49 horas, p <0,001), maior tempo de isquémia fria (19h08 ± 6h05 vs 18h34 ± 6h17 horas, p: 0,04) e necessitaram de mais transfusões de glóbulos vermelhos (1,8 ± 0,8 vs 1,7 ± 0,8 Unidades, p: 0,01) do que os receptores de receptores do grupo artéria renal única. No grupo múltiplas artérias renais, foram utilizadas técnicas de cirurgia de banca ex-vivo, anastomose sequencial in vivo e técnicas mistas. As diferentes opções não tiveram influência nos resultados. A taxa de função tardia do enxerto, complicações cirúrgicas, tempo de internamento, rejeições agudas e crónicas, perda do enxerto e morte não foram estatisticamente diferentes. O seguimento não foi estatisticamente diferente: grupo múltiplas artérias renais (8 ± 7,3 anos) versus artéria renal única (7,7 ± 6,6 anos) (p: 0,1). O estado actual do doente não dependia do número de artérias utilizadas.

Conclusão: Apesar do maior tempo cirúrgico, maior tempo de isquemia fria e maior taxa de transfusões de glóbulos vermelhos, os resultados do nosso centro no transplante de rins com múltiplas artérias renais foram idênticos aos de rins com artéria renal única no que diz respeito à função, sobrevida e taxas de complicações cirúrgicas. A este nível os resultados da literatura não são consensuais, sendo necessários estudos prospectivos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

1. Tonelli M, Wiebe N, Knoll G et al: Systematic review: kidney transplantation compared with dialysis in clinically relevant outcomes. Am J Transplant. 2011; 11: 2093–109

2. Novick AC, Magnusson M, Braun WE: Multiple-artery renal transplantation; emphasis on extracorporeal methods of donor arterial reconstruction, J Urol. 1979; 122:731,

3. Paragi PR, Klaassen Z, Fletcher HS, et al. Vascular constraints in laparoscopic renal allograft: comparative analysis of multiple and single renal arteries in 976 laparoscopic donor nephrectomies. World J Surg. 2011; 35: 2159–2166.

4. Hsu TH, Hsu THS, Su L, et al. Impact of renal artery multiplicity on outcomes of renal donors and recipients in laparoscopic donor nephrectomy. Urology. 2003; 61:323–327.

5. Taghizadeh Afshari A, Mohammadi Fallah MR, Alizadeh M, et al. Outcome of Kidney Transplantation From Living Donors With Multiple Renal Arteries Versus Single Renal Artery. Iran J Kidney Dis. 2016 Mar;10(2):85-90

6.. Zorgdrager M, Krikke C, Hofker SH et al. Multiple Renal Arteries in Kidney Transplantation: A Systematic Review and Meta-Analysis. Ann Transplant. 2016 Jul 29;21:469-78.

7. Shapiro R, Simmons RL, and Starzl TE. In: Shapiro R: The transplant procedure: Renal transplantation. Stamford (CT): Appleton & Lange, 1997. pp. 103-140.

8. Chabchoub K, Mhiri MN, Bahloul A, et al. Does kidney transplantation with multiple arteries affect graft survival? Transplant Proc. 2011; 43(9):3423-5

9. Gawish AE, Donia F, Samhan M, Halim MA, Al-Mousawi M. Outcome of renal allografts with multiple arteries. Transplant Proc. 2007; 39(4):1116-7.

10. Benedetti E, Troppmann C, Gillingham K, et al: Short- and long-term outcomes of kidney transplants with multiple renal arteries. Ann Surg 1995; 221:406-414

Publicado

2018-07-25

Edição

Secção

Artigo Original