Infeções do Trato Urinário da Comunidade da Ilha do Faial, Determinadas no Hospital da Horta EPER - 2016
DOI:
https://doi.org/10.24915/aup.35.1-2.47Palavras-chave:
Açores, Antibacterianos, Farmacorresistência Bacteriana, Infeções Urinárias/microbiologia, Infeções Urinárias/ tratamentoResumo
Introdução: A infeção do trato urinário (ITU) é uma das infeções mais frequentes a nível comunitário, apresentando custos mais elevados para a sociedade e para o sistema de saúde. A publicação de estudos de avaliação epidemiológica dos agentes etiológicos responsáveis pela ITU e o seu perfil de resistências antimicrobianas constitui uma mais-valia para a elaboração de critérios de decisão para antibiótico-terapia empírica, bem como para alertar os responsáveis na área da saúde no que respeita aos benefícios de uma prescrição correta dos antimicrobianos.
Material e Métodos: Estudo epidemiológico do tipo transversal, baseado nas uroculturas realizadas aos utentes externos do serviço de Patologia Clínica do Hospital da Horta EPER no ano de 2016. Sobre as uroculturas consideradas positivas foram analisados parâmetros como a idade, sexo, tipo de bactéria e perfil de suscetibilidade a antimicrobianos. Foram excluídos do estudo todos os registos com dados insuficientes para análise, bem como todos os pedidos de uroculturas em duplicado e do mesmo paciente num prazo inferior a 7 dias. Todos os dados utilizados foram disponibilizados pelo Serviço de Patologia Clínica do Hospital da Horta EPER.
Resultados: Maior prevalência de uroculturas positivas nas mulheres comparativamente com os homens. Nas mulheres tendência bi-modal com primeiro pico a ocorrer na faixa etária dos 30 aos 39 anos, o segundo pico (mais elevado) na faixa dos 70 aos 79 anos. Nos homens, a tendência de aumento ocorre a partir da faixa etária dos 50 aos 59; a frequência das bactérias isoladas entre sexos é diferente. Predomínio da Escherichia coli como principal causadora de ITU, na mulher é mais alta do que no homem. A segunda e terceira bactéria mais frequentes foram a Klebsiella p. pneumoniae e Proteus mirabilis respetivamente, com maior frequência no homem do que na mulher em ambos os casos; maior frequência de beta lactamases de espectro estendido ocorre no homem; o estudo do perfil antimicrobiano nas estirpes de Escherichia coli apresentou elevada sensibilidade à fosfomicina (> 95%) e nitrofurantoína (> 95%). O timetroprim/sulfametoxazol e as fluoroquinolonas apresentaram resistências elevadas, (próxima dos 20%). A amoxicilina e amoxicilina/ácido clavulânico com resistências muito mais elevadas quando comparadas com a fosfomicina e nitrofurantoína. Excluindo a cefalotina, no grupo das cefalosporinas existe alguma heterogeneidade, mas com sensibilidades sempre superiores a 80%.
Conclusão: Este tipo de estudos permite ajudar a determinar as linhas orientadoras para uma elaboração de antibiótico-terapia empírica.
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