Oncocitoma renal: tem a URO‐TC utilidade no diagnóstico histológico?

Autores

  • Serviço de Urologia, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Amadora, Portugal
  • Serviço de Urologia, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Amadora, Portugal
  • Serviço de Urologia, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Amadora, Portugal
  • Serviço de Imagiologia, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Amadora, Portugal
  • Serviço de Urologia, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Amadora, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.24915/aup.33.3.35

Palavras-chave:

Oncocitoma renal, Carcinoma de células renais, Diagnóstico, URO‐TC

Resumo

Introdução
Ao longo dos últimos anos, a crescente utilização de exames imagiológicos, nomeadamente ecografia e tomografia computorizada (TC), traduziu‐se num aumento do diagnóstico incidental de tumores renais, sobretudo pequenas massas renais (<4cm). O conhecimento de que até 30% destas massas podem ser benignas, entre elas os oncocitomas, levou à procura de métodos de diagnóstico mais eficazes, de forma a evitar situações de sobretratamento e de forma a tomaram‐se decisões terapêuticas mais fundamentadas.
Objetivos
Analisar retrospetivamente uma série de tumores renais histologicamente comprovados, nomeadamente oncocitomas e carcinoma de células renais (CCR), e verificar se existem diferenças morfológicas e/ou nos padrões de captação de contraste através da URO‐TC.
Material e métodos
Identificámos todos os tumores renais entre 2004‐2015 com o diagnóstico histológico de oncocitoma e de CCR. Estes resultados foram obtidos por biopsia do tumor renal, tumorectomia/nefrectomia parcial ou nefrectomia radical. Registámos e comparámos as características morfológicas e os padrões de captação de contraste na fase nefrográfica com medição de unidades de Hounsfield (HU) dos oncocitomas e dos CCR (células claras), selecionados de acordo com a dimensão (aprox. idêntica à dos oncocitomas) e obtidos na sequência de tumorectomia renal ou nefrectomia radical.
Resultados
Identificaram‐se 16 CCR e 31 oncocitomas, dos quais 15 foram excluídos por não termos acesso às imagens de TC no sistema informático. A dimensão média dos oncocitomas foi 3,7cm (1,8‐14) e a dos CCR 3,5cm (1,9‐8,4). A atenuação de contraste média dos oncocitomas e dos CCR na fase sem contraste foi de 33 HU e 32 HU, respetivamente. Na fase nefrográfica, a captação média de contraste para os oncocitomas foi de 47,5HU e 47,4HU para os CCR. Na fase nefrográfica, a diferença de atenuação entre os oncocitomas e o parênquima renal normal foi 43,5 HU e a diferença de atenuação entre os CCR e o parênquima renal normal foi 59,7 HU. Estes resultados foram estatisticamente significativos (p<0,05). Não se identificaram outras alterações na fase excretora da TC, nem diferenças relevantes de carácter morfológico, nomeadamente nos contornos das lesões, presença de calcificações, ou de cicatriz central.
Conclusões
Na avaliação imagiológica por URO‐TC, nomeadamente na fase nefrográfica, parece existir uma tendência para maior isodensidade dos oncocitomas em relação ao parênquima renal normal. Este achado poderá contribuir para uma melhor decisão terapêutica, na medida em que nos pode direcionar para uma biopsia de confirmação em detrimento da excisão cirúrgica.

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Publicado

2017-04-11

Edição

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Artigo Original