Neoplasia Maligna da Próstata e Fertilidade: Revisão das Implicações das Diferentes Opções Terapêuticas

Autores

  • Rita Fonseca Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental,Lisboa, Portugal; Nova Medical School – Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0001-9518-1526
  • Renato Mota Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental,Lisboa, Portugal; Nova Medical School – Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal
  • I. Peyroteo Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil de Lisboa, Lisboa, Portugal
  • J. C. Santos Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental,Lisboa, Portugal; Nova Medical School – Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal
  • Andreia Silva Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental,Lisboa, Portugal
  • Frederico Gaspar Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental,Lisboa, Portugal
  • Luís Abranches-Monteiro Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental,Lisboa, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.24915/aup.151

Palavras-chave:

Infertilidade Masculina/tratamento, Neoplasias da Próstata/complicações

Resumo

Introdução: A neoplasia maligna da próstata é a segunda neoplasia mais comum nos homens, e a sua incidência é mais elevada no grupo com 50-69 anos de idade. Estima-se que cerca de 5% dos casos sejam diagnosticados em homens com idade inferior a 50 anos. Dada a evolução demográfica actual, o desejo de paternidade é frequentemente adiado. Assim, é relevante que o urologista possa explicar as diferentes repercussões que as terapêuticas existentes para a neoplasia maligna da próstata têm na fertilidade masculina. O objectivo desta revisão é comparar o impacto que as diferentes opções terapêuticas existentes na neoplasia maligna da próstata têm na fertilidade masculina.

Métodos: Realização de revisão qualitativa da literatura publicada entre 1987-2019, de acordo com as orientações ENTREG e metodologia PRISMA, utilizando a base de dados PubMed. Foram considerados elegíveis todos os artigos sobre este tema escritos em inglês, incluindo estudos randomizados controlados, meta-análises e revisões sistemáticas. Todos os resumos foram lidos por dois autores com subsequente selecção daqueles que cumprissem os critérios definidos, após avaliação de qualidade utilizando a checklist qualitativa CASP. Em caso de discordância, um terceiro urologista foi consultado.

Resultados: De acordo com os critérios definidos, foram identificadas 436 referências e 10 publicações foram incluídas por se referirem directamente ao objectivo definido. Apesar da escassez de literatura publicada, é possível concluir que a vigilância activa não tem implicações na fertilidade. De acordo com os dados disponíveis, a terapêutica focal e a braquiterapia são as opções terapêuticas com menor probabilidade de provocar incapacidade permanente na fertilização por métodos naturais, em oposição a prostatectomia radical, radioterapia, hormonoterapia e quimioterapia.

Conclusão: Actualmente, com o aumento da sobrevivência após tratamento de cancro da próstata, é necessário avaliar as repercussões que as diferentes opções terapêuticas têm na fertilidade, de forma que os doentes possam fazer uma decisão informada e, se necessário, recorrer a estratégias de preservação de gâmetas. Apesar de não existirem estudos comparativos, a terapêutica focal e a braquiterapia parecem ter menor efeito deletério na fertilidade masculina. A vigilância activa é actualmente a única opção sem consequências na fertilidade.

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Publicado

2023-03-17

Edição

Secção

Artigo de Revisão