Neoplasia Maligna da Próstata e Fertilidade: Revisão das Implicações das Diferentes Opções Terapêuticas
DOI:
https://doi.org/10.24915/aup.151Palavras-chave:
Infertilidade Masculina/tratamento, Neoplasias da Próstata/complicaçõesResumo
Introdução: A neoplasia maligna da próstata é a segunda neoplasia mais comum nos homens, e a sua incidência é mais elevada no grupo com 50-69 anos de idade. Estima-se que cerca de 5% dos casos sejam diagnosticados em homens com idade inferior a 50 anos. Dada a evolução demográfica actual, o desejo de paternidade é frequentemente adiado. Assim, é relevante que o urologista possa explicar as diferentes repercussões que as terapêuticas existentes para a neoplasia maligna da próstata têm na fertilidade masculina. O objectivo desta revisão é comparar o impacto que as diferentes opções terapêuticas existentes na neoplasia maligna da próstata têm na fertilidade masculina.
Métodos: Realização de revisão qualitativa da literatura publicada entre 1987-2019, de acordo com as orientações ENTREG e metodologia PRISMA, utilizando a base de dados PubMed. Foram considerados elegíveis todos os artigos sobre este tema escritos em inglês, incluindo estudos randomizados controlados, meta-análises e revisões sistemáticas. Todos os resumos foram lidos por dois autores com subsequente selecção daqueles que cumprissem os critérios definidos, após avaliação de qualidade utilizando a checklist qualitativa CASP. Em caso de discordância, um terceiro urologista foi consultado.
Resultados: De acordo com os critérios definidos, foram identificadas 436 referências e 10 publicações foram incluídas por se referirem directamente ao objectivo definido. Apesar da escassez de literatura publicada, é possível concluir que a vigilância activa não tem implicações na fertilidade. De acordo com os dados disponíveis, a terapêutica focal e a braquiterapia são as opções terapêuticas com menor probabilidade de provocar incapacidade permanente na fertilização por métodos naturais, em oposição a prostatectomia radical, radioterapia, hormonoterapia e quimioterapia.
Conclusão: Actualmente, com o aumento da sobrevivência após tratamento de cancro da próstata, é necessário avaliar as repercussões que as diferentes opções terapêuticas têm na fertilidade, de forma que os doentes possam fazer uma decisão informada e, se necessário, recorrer a estratégias de preservação de gâmetas. Apesar de não existirem estudos comparativos, a terapêutica focal e a braquiterapia parecem ter menor efeito deletério na fertilidade masculina. A vigilância activa é actualmente a única opção sem consequências na fertilidade.
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