Resultado de Segunda Ressecção Transuretral de Neoplasia Vesical Após Ressecção Primária Macroscopicamente Completa
DOI:
https://doi.org/10.24915/aup.37.1-2.147Palavras-chave:
Neoplasias da Bexiga Urinária/cirurgia, Recidiva Local de Neoplasia, ReoperaçãoResumo
Introdução: O cancro da bexiga não músculo-invasivo corres- ponde a 75% dos casos de cancro da bexiga, sendo que a maioria são inicialmente diagnosticados e tratados com ressecção transuretral (RTU). Depois de uma RTU primária macroscopicamente incompleta, uma segunda ressecção (reRTU); no entanto, a reRTU é recomendada pelas linhas de orientação da EAU mesmo quando a ressecção inicial é macroscopicamente completa, com taxas de neoplasia residual entre 33%-55% e upstaging em até 25% dos casos. Dado que a qualidade da RTU primária tem impacto significativo no resultado anatomopatológico de uma reRTU, estas taxas são largamente dependentes do tratamento primário e da acuidade de determinação intraopera- tória de ressecção macroscopicamente completa, com uma provável variabilidade grande entre Centros e cirurgiões.
Os objectivos foram averiguar se a reRTU após RTU primária macroscopicamente completa mostraria taxas de neoplasia residual significativas e se a realização deste procedimento melhoraria os resultados do tratamento do cancro da bexiga não músculo-invasivo.
Métodos: Doentes submetidos a RTU entre 2015 e 2017 foram analisados, identificando quais realizaram reRTU planeada sem controlo cistoscópico entre as intervenções. Foi realizada correlação da percepção de RTU primária completa, estadio e grau com a presença, estadio e grau de neoplasia residual.
Resultados: Foram analisadas 546 RTUs; destas, 275 (50,4%) foram por neoplasia primária. Oitenta cinco doentes (30,9%) ti- nham pT1; destes, 12 foram seleccionados para reRTU por ressecção incompleta. Dos restantes 73 casos de pT1 primário com ressecção completa, 26 (30,6%) foram submetidos a reRTU.
A reRTU após ressecção completa de pT1 primário mostrou neoplasia residual em 11,5% dos doentes (n=3). Todos os doentes com tumor residual tinham neoplasia primária de alto grau; não se verificou upstaging ou upgrading. A taxa de recorrência ao 1o ano foi semelhante nos doentes submetidos ou não a reRTU.
Discussão / Conclusão: Os padrões de técnica e profundidade de RTU variam entre Centros e cirurgiões, e vão invariavelmente reflectir-se na taxa de neoplasia residual. A reRTU pode não ser benéfica para todos os casos, e dados de cada centro devem ser considerados na selecção.
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